Quando perguntei a Ivana por que ela quis fazer o ensaio newborn de sua bebê Nina, ela me respondeu com este belo texto:
Claro que todo mundo quer fazer o ensaio para ter registros, uma memória em imagens para hoje e para a posteridade. Mas, para nós, isso é ainda mais profundo. Temos tanta escassez de documentos, registros, fotos como famílias negras... só olhar. Quando vemos uma representação de um negro ou negra é a exceção e geralmente não tem uma família... Essa ideia de família foi algo que nos foi historicamente negado e não precisa falar o porquê. Reconstruir famílias negras é revisar o passado, nos reinventar como povo, e não poderia deixar de registrar isso.
Nas rodas de parto que participávamos, uma vez pediram para todo mundo fazer um exercício que era pensar em todas as gerações de sua família que tivesse conhecimento e agradecer pelo bebê, pela existência. Nós éramos o único casal negro e os dois foram os que foram menos longe... paramos logo. Não temos registros... Lembro que, quando me dei conta disso, comecei a agradecer também a Nina Simone e a Luiza Mahin. A própria existência de Luiza Mahin é tão questionada por uma história conservadora por ausência de mais documentos. Digo de mais porque temos poemas e cartas pessoais de Luiz Gama falando dela, mas o que temos mais forte mesmo é a história oral. Registros temos tão poucos dos nossos. Tantas histórias se perderam assim. Enfim, acabei fazendo textão corrido, sem pontuação e sem revisão, com o que veio na cabeça. Mas esse registro é para revisar o passado, marcar o presente e deixar registros para o futuro. Tá aí, me emocionei de novo... 😭Desculpa pelo texto longo e pela falta de revisão. Vou correr porque minha Mahin acordou. 🏃🏿♀"
Gratidão, @freitasivanas. 💖